Trilhos da Vida
Por Sebastião Ventura
Entre partidas, encontramos a nós mesmos.
Na velocidade do trem, precisamos da segurança dos trilhos.
Sem freios, o descarrilhar pode ser fatal.
Mas quem não arrisca, não vive.
Então, por que não optar por uma parada inesperada?
Encarar o desconhecido.
Olhar o que não queremos ver.
Ouvir incômodas vozes de desconforto interior.
E, assim, viver e ser mais do que se foi.
Aos poucos, vivências viram memórias.
Bagagens existenciais que não precisam de malas.
Simplesmente, as carregamos dentro de nós.
Algumas trazem o angustiante peso da dor.
Outras, a leveza do amor.
Entre tempos paralelos, o reflexo é nosso.
O que somos.
O que trazemos do que foi vivido.
Grandes bagagens, pequenas memórias.
Ou, numa mala de mão, um turbilhão de mundo.
Enfim, escolhas.
Que são nossas e de mais ninguém.
Entre imagens plurais, a realidade pulsa.
Vivemos uma época de questionamentos profundos.
Aquilo que foi talvez já não mais será.
A dúvida arde.
O tempo corre.
A velocidade aumenta.
Quando se vê, o trem aponta na estação.
As portas se abrem em tom questionador.
No hiato do pensar, a possibilidade de um novo passo.
Aliás, no passado de nossas vidas, a bagagem que fará futuro.